domingo, 10 de abril de 2011

PREFÁCIO

Hoje seria mais conveniente escrever sobre minha primeira consulta com o meu neurologista, para dar uma ambientada.
Como você leitor pode perceber, sou mais um entre milhares de pessoas que estuda para concursos públicos, também conhecido como “concurseiro”.
Já trabalho em um ministério do executivo que apesar de pagar mal já ajuda em alguma coisa em casa. Claro que nem de longe me ocorre de aposentar neste órgão o qual trabalho, apesar de lá ter conhecido pessoas ímpares, espero ter o motivo de sentir saudades por ter sido nomeado em um órgão que pague melhor.
Sempre tive muito problema com concentração, o que eu estudava 4 horas a fio para conseguir uma compreensão era o que quem não possui TDAH levaria apenas 2 ou menos. Apesar disso nunca me desanimei e sempre suspeitei que tinha este problema, mas nunca dei importância pois a hiperatividade já não se manifesta mais e a maioria dos impulsos são controlados, e pela falta de informação não me tratei. Na infância eu era submetido a horas de terapia que por experiência própria não me ajudaram em nada, apenas me criou trauma de psicólogo.
Assim que comecei a tentar a conciliar trabalho com estudo vi que não era mais possível realizar mais nada, estava começando a acreditar que não possuía capacidade para avançar.
Neste mesmo período de descrença minha mãe veio me contar sobre a história dos filhos pequenos de uma amiga que passavam por uma dificuldade semelhante, claro que de acordo com suas realidades. Que após a consulta com um neurologista e um medicamento prescrito por ele as crianças transformaram-se por completo. Aumentaram as notas e ficaram mais independentes com seus afazeres.
Senti que deveria testar isso,fui ao neurologista e contei toda a minha história e minha mãe até foi comigo para complementar fatos que eu não me lembrava e estava óbvio que eu era portador de TDAH.
Então o Neurologista me explicou sobre ela, Ritalina. Já tinha ouvido falar mas nunca procurei saber exatamente o porquê de sua existência. Descobri o nome da pílula milagrosa e que se realmente fosse isso tudo que minha mãe falou eu iria tomar até passar em algum concurso e pronto, problema resolvido.
Foi então o que veio o ponto mais relevante da consulta, depois que dei a entender que seria apenas para estudar e nada mais o médico me explicou com toda a sinceridade:
- Você tomar o remédio para fins concurso é uma opção válida, mas o que você tem que entender que não irá afetar positivamente o seu estudo apenas, mas você irá ter uma nova perspectiva sobre o mundo a sua volta, como relações e a forma de encarar o dia-a-dia também irão ser diferentes.
Após outros detalhes da consulta eu fiz um exame de sangue e depois de alguns dias peguei a prescrição para tomar ela, aquela que será a minha esposa, minha parceira de aventura.
Do dia que peguei o remédio para o carnaval tive uma semana, e resolvi me despedir não somente do álcool no carnaval mas também do antigo eu. Não começei a fazer um tratamento, resolvi começar uma nova fase da minha vida.

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